O jogo deles

Soninha ganha ação judicial movida pelo PT

por Fernando Gouveia, assessor do Gabinete

Em entrevista à revista "Joyce Pascowitch", Soninha disse que havia casos de compra de votos dentro do Partido dos Trabalhadores. A legenda entrou com processo de difamação (e não calúnia!?!?) e ainda assim perdeu, sumariamente.

A Entrevista

Abaixo, trechos da entrevista que deu origem ao processo...

Joyce: Você acredita que existem motivos suficientes para mudar de partido?
Soninha: Agora que foi publicada essa decisão que pega no meu fígado, eu me arrependo tanto de não ter saído antes! (o STF definiu que o mandato pertence ao partido, e não ao vereador e, no dia da entrevista, o Supremo publicou a resolução de como o político pode se defender no processo – que Soninha não concordava por considerar muito rasa e subjetiva). Várias vezes entrei no gabinete e disse: ‘Chega’. Mas os colegas do PT que estão na mesma situação que eu falavam: ‘Espera, lá na frente tem uma eleição e tal, ano que vem o congresso do partido, não vamos desistir. Vamos lutar mais um pouco’. Até que chegou uma hora em que não fez mais sentido.

Joyce: Qual foi a gota d’água?

Soninha: No congresso do PT ficou bem claro que esse grupo dos decepcionados era minoria, sim. Elegemos uma quantidade ínfima de delegados. Se é tão evidente matematicamente que você é minoria dentro do partido, por que continuar ali? Como é que você escolhe um partido? Você se identifica com a maioria, e a minoria tem lá suas divergências. Então não faz sentido continuar. Teve outros episódios também, quando o Partido liberou a gente para votar contra um projeto, mas não deixou justificar. Isto é um absurdo! Eles têm medo da divergência? É muito mau sinal. Mas fico aliviada que o tempo todo escrevi sobre o meu desgosto no blog.

Joyce: Você acredita que pode perder o cargo?
Soninha: Tem essas coisas que sempre foram públicas. Tem outras que são privadas, aconteceram numa reunião, em um almoço. E é supercomplicado (SIC) levar isso para o tribunal. Parece divórcio litigioso. Mas não tenho escolha. Vou ter de dizer tudo isso na Justiça. Pessoas do próprio PT vieram se queixar de compra de voto para mim. Numa determinada campanha, um sujeito chegou lá e falou: “O que você acha de R$ 30 por voto?”. Mas são coisas que não tem como provar. Não levei gravador no almoço. Não dei queixa na polícia. É a palavra de um contra a de outro. É um processo tão esquisito, tem pouca materialidade. O Juiz vai dizer quem é mais fiel. O Partido vai dizer que nunca se desviou ideologicamente. E eu vou dizer: ‘Desviou sim, quem não desviou fui eu!’. E o juiz vai conferir um atestado de pureza ideológica para um de nós.

Estragégia Processual (???)

O PT, "estrategicamente", tentou utilizar o processo criminal como forma de constranger a Vereadora, dando assim subsídios para a já infundada ação de perda de mandato, tendando dar força para a idéia de que não haveria justa causa.

Ao refutar o pedido, o juiz minou essa tática.

Soninha saiu do PT porque o partido se desviou reiteradamente de seu programa, cometeu uma série de infrações e, ao lonto do tempo, não fez coisa alguma para corrigi-las. Esses são os fatos e, nos autos do processo específico, todos estão demonstrados.

Um dado curioso e ainda mais deplorável disso tudo é o fato de que o PT tentou adiar a audiência para "depois das eleições", sabe-se lá por quê ou muito provavelmente pelos motivos mais óbvios.

O que não se pode dizer, definitivamente, é que se trata de algo eleitoreiro, pois o processo foi movido pelo próprio partido, como parte de uma "estratégia".

Agora que perdeu - e só poderia, mesmo, perder (já que vivemos num Estado Democrático de Direito) -, não vale chorar. O jeito é fazer como faz e continuar divulgando o boletim municipal enaltecendo os altos índices do governo federal e não dando uma linha sobre essa derrota na Justiça.

Quando entraram com a ação, porém, alardearam aos quatro ventos. Agora que perderam, ficaram quietinhos, quietinhos. É do jogo. O jogo deles.

A Decisão

Veja aqui a cópia da sentença que deu ganho de causa à Vereadora Soninha, sumariamente, por inexistir qualquer tipo de crime, ao contrário do que alegara ao PT.

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